Não é de hoje que as agências e produtoras costumam dizer a todos os ventos que os atores e atrizes “VIVEM DE CACHÊ TESTE”, e nesse momento, ainda mais se utilizam desse bordão como se fosse um argumento para tentar impedir o reajuste do cachê teste para R$ 120,00.
Em pelo menos nos últimos 15 (quinze) anos vem ocorrendo uma enorme degradação das condições de trabalho no setor, sobretudo pelo achatamento cachês, uma NOSSA MISÉRIA que muito se evidenciou nesse período de pandemia quando a imensa maioria dos artistas que já não tinham sequer os recursos para sobreviver à intermitência característica da profissão, hoje não tem recursos para pagar aluguel, contas cotidianas como água, luz, gás e telefone e muitos estão mesmo em risco de segurança alimentar.
Ao par dessa situação precária, surge ainda uma “outra moda” em tempos de pandemia, que é a gravação da publicidade na residência dos próprios atores e atrizes, uma prática que ainda mais tem evidenciado o aumento da exploração, seja porque não pagam pela locação, seja porque essa prática é ALTAMENTE EXCLUDENTE: Só gravarão os artistas que tiverem uma casa cinematográfica? ou Só trabalharão os que forem selecionados pela residência?
Peço um pouco mais de respeito com os profissionais do setor. Peço às senhoras e senhores que pelo menos tenham UM POUCO DE VERGONHA, pois os artistas que estão nessa condição hoje, são os mesmos TRABALHADORES E TRABALHADORAS do mesmo MERCADO DA PUBLICIDADE que tem os senhores e as senhoras na importante posição de CONTRATADORES.
São Paulo, 24/06/2020
Dorberto Carvalho
Presidente do SATED-SP